Turismo Ecológico em Gaúcha do Norte
Observa-se que os principais pontos potenciais de turismo de Gaúcha do Norte são os naturais, como os rios e as tribos indígenas, que despertam a atenção e atraem os mais diversos turistas. A seguir serão apresentados os rios mais importantes do município e considerações sobre as etnias indígenas do Parque Nacional do Xingu, dentro da área territorial do município. • Rio Pacuneiro Observa-se que é um rio calmo e bastante procurado por turistas e pescadores, que o utilizam para aplacar o calor intenso da região. Localiza-se a 20 km da cidade, no sentido da Fazenda Centro América • Rio Coliseu Percebe-se que é um rio com águas calmas e límpidas. Possui uma praia muito bonita e valorizada por turistas e moradores da região. Localiza-se a 30 km da cidade de Gaúcha do Norte, sentido Fazenda Centro América. • Rio Batovi Segundo o índio Tamaluí Mehinako comunicação pessoal é um rio muito procurado pelos turistas e moradores da região, por possuir abundância em peixes e grande volume d’água, que na época das cheias lembram remotamente as Cataratas do Iguaçu, no Paraná. O rio passa pela aldeia de índios waurás, onde em suas proximidades há uma caverna com muitas formações que lembram rostos, animais, esculturas e outras formas que nosso imaginário puder conceber. Nelas podem ser encontrados pequenos mamíferos como morcegos, além de répteis, anfíbios, peixes e invertebrados. Seu interior é agradável com temperatura constante. Nas partes escuras, quanto mais se afasta das entradas, menor é a variedade de espécies. Mas nessa caverna, os índios não permitem que pessoas estranhas se aproximem, por temer que possam danificá – la. • Rio Kuluene Observa-se que nas margens desse rio encontram-se a maioria das pousadas do município, muito procuradas por turistas e pescadores. Segundo informações colhidas junto às pousadas, no período de pesca são organizadas várias excursões com o intuito de atrair novos turistas, tanto nacionais como internacionais. Na pesquisa realizada para identificação destas pousadas observou-se que a maioria possui como endereço o município de Canarana – MT, vizinha à Gaúcha do Norte. Atribui-se esta irregularidade ao fato de que Canarana ser uma cidade de melhor infra-estrutura e marketing, o que agrega maior valor comercial e turístico àqueles empreendimentos. Turismo Histórico-Cultural em Gaúcha do Norte - Parque Nacional do Xingu No município de Gaúcha do Norte, aproximadamente 50% da superfície é ocupada pela reserva indígena do Parque Nacional do Xingu, com 6 aldeias, sendo as que de destaque: Aweti, Kuikuro, Waurá, Yawalapiti, Mehinaku e Kamayurá. • Aweti Os Awetis habitam o município de Gaúcha do Norte, no estado de Mato Grosso. Sua população é de 106 pessoas, a localização fica ao Norte do Parque Indígena do Xingu e o tronco lingüístico é o Tupi. Os Awetis constroem suas casas em círculo, para facilitar as reuniões do grupo. Recebem apoio regular da Funai na educação, saúde e no plantio de suas roças. Vivem da caça e da pesca e produzem artesanato. As suas comemorações mais tradicionais, são as furações de orelhas e a festa da moça virgem. Hoje, muitos saem das aldeias para trabalhar para os brancos e não retornam mais ao local de origem. Os awetis moram numa aldeia no Parque Nacional do Xingu (MT) criado em 1961 e demarcado em 1987. Tendo sido encontrados no final do século passado pelo etnólogo alemão Karl Von den Steinen os grupos xinguanos permaneceram praticamente isolados da sociedade nacional ate 1940 quando foram contatados pelos irmãos Villas Boas. Os awetis vivem da pesca, caça coleta e agricultura. À semelhança dos waurás kamayurás e trumais utilizam um "propulsor" durante o cerimonial-esportivo do Jawari. A expectativa de uma retomada dos projetos educacionais no Parque, por sua vez, recai sobre a Fundação Mata Virgem. • Kuikuro Os Kuikuros, (ou nação Kuikuro), se localizam nas proximidades do município de Querência, ao sul do Parque Indígena do Xingu, próximo ao Posto Leonardo. São da família Karib e a língua falada é o Kuikuro. O tronco Lingüístico é o Karib e sua população é de 394 pessoas. Há tempos atrás os Kuikuros eram aterrorizados pelos Suyás com os quais viveram em conflito por longa data. A mandioca é a principal cultura dos Kuikuros. A mandioca é a principal cultura dos Kuikuros. Um dos eventos mais marcantes dos kuikuro é o aparecimento do homem branco, que eles descrevem mais e mais vezes numa história-estória, conhecida por Akiñá. Todo viajante, ao chegar à aldeia, relata aventuras e eventos testemunhados ou ouvidos; executando sua Akiñá, cujo conteúdo poderá se tornar, com o tempo, parte do acervo da memória coletiva. • Waurá A população Waurá é de 300 pessoas; a localização é no Parque Xingu, Mato Grosso. Os waurá moram na região sul do Parque Indígena do Xingu e figuram entre as nove comunidades indígenas que possuem a “cultura xinguana”. As mulheres e crianças waurás e mais da metade dos homens são quase monolíngües. De acordo com o jornal O Estado de São Paulo, “a maioria dos Waurás habita as margens do Rio Batovi, do qual eles tiram seus pescados, como a matrinxã e o pintado que os índios tanto apreciam, pois o Batovi é rico nessas duas espécies de peixes. Detentores de tecnologia mais avançada que muitos dos seus vizinhos, os Waurás são grandes ceramistas. Essa área inclui a Kamukuaka, uma caverna sagrada do cerimonial Waurá, localizada ao lado de uma queda d´água no rio Batovi-Tamitatoala. A ocupação do Kamukuaka vem tendo conseqüências econômicas dramáticas para os Waurás. A área adjacente ao local sagrado, ao longo do Batovi, é fonte de matéria prima, incluindo argilas para a indústria de cerâmica, plantas medicinais e conchas utilizadas no escambo. Há também notícias de invasores, que pescam no território Waurá, sem respeito pelo período da desova. Apesar dos protestos dos Waurás, a área chamada de Kamukuaka já foi tomada pelos ranchos e o gado, no alto Batovi. À boca da caverna estão esculpidas imagens das partes da mulher que geram a vida. Kamukuaka é também a residência dos espíritos Waurás, chamados de Inyãkãnãu, ou, "aqueles que ensinam". Hoje, sem acesso a Kamukuaka, os jovens Waurás conhecem o lugar sagrado apenas através dos depoimentos dos mais velhos”. • Yawalapiti A população é de 196 pessoas. A localização é no Alto Xingu, nas proximidades do Posto Indígena Leonardo o tronco lingüístico é Macro-Jê da família Aruwak. Na época da criação do Parque Indígena do Xingu, em 1961, os últimos Yawalapitis andavam dispersos por outras tribos. Os Yawalapitis ainda vivem da pesca, caça coleta e roças. O Parque do Xingu foi demarcado em 1987. Embora ainda vivam da pesca caça, coleta e roças. Em 1988, pela primeira vez na história os índios do Alto Xingu, encenaram na aldeia yawalapiti uma cerimônia do Kuarup, ritual da lembrança dos mortos para ser mostrado em um filme de Ruy Guerra. O cacique responsável pelas aldeias do Alto Xingu (que abriga o município de Gaúcha do Norte) é Aritana. Ele fala que o Quarup é a maior festa fúnebre dos índios e não há quem não se emocione, pois é como uma missa de sétimo dia e um momento de grande congraçamento das tribos. A luta acompanha o cerimonial do Quarup e o seu encerramento é um momento de congraçamento entre as tribos do Xingu. • Mehinako Os Mehinako estão no Parque Indígena do Xingu, no Mato Grosso e o tronco lingüístico é o Aruwak. No Parque Indígena do Xingu, os Mehinako são parte de um amplo complexo de povos pouco diferentes entre si. A casa dos homens deve dividir em dois o caminho do sol, e o banco em frente à casa dos homens deve proporcionar, a leste, uma vista livre por sobre a estrada, através da floresta. Ao passar por cima da “casa dos homens”, o sol deve seguir o grande caminho para oeste até o lugar de tomar banho, onde finalmente se põe. Assim, o plano terrestre da aldeia reflete a arquitetura do céu. Os Mehinako são participantes assíduos no sistema de trocas dos povos do Alto Xingu. De certo modo semelhantes a alguns dos outros grupos alto-xinguanos, eles dividem o mundo dos humanos em três categorias: wajaiyu, kajaiba e putaka. Muitas das mais importantes canções rituais são entoadas em mehinako, e muitos dos espíritos também reconhecidos em outras aldeias parecem ter nomes de origem aruak. • Kamayurá A população dos Kamayurás é de 355 (Censo 2002), a língua falada é da família Tupi-Guarani. Os índios fazem parte da nação indígena de língua Tupi. Em cada casa, os moradores são parentes, liderados por um "dono da casa". Os Kamaiurá constituem uma referência importante na área cultural do Alto Xingu, em que povos falantes de diferentes línguas compartilham visões de mundo e modos de vida bastante similares. No centro desse espaço circular encontra-se um pátio ou “praça” (hoka´yterip) para a qual convergem os caminhos, conduzindo tanto às moradias como aos lugares públicos, e onde se ergue a casa das flautas (tapuwí), atravessada medianamente pelo “caminho do sol”. Em frente a casa das flautas e orientado para o leste, está o banco da roda dos fumantes, onde se reúnem os homens para contar os acontecimentos do dia ou para discutir assuntos específicos - como a preparação de uma pesca coletiva, participação na construção de uma casa, limpeza coletiva da praça, preparo de uma festa próxima, entre outros. Segundo os Kamaiurá, seus antepassados vieram de Wawitsa, região situada no extremo norte do Parque (precisamente onde desembocam os principais formadores do Rio Xingu para constituí-lo) e ao lado de Morená, palco central das ações míticas e “centro do mundo” para eles. As razões dessa mudança para o sul, próximo ao atual Posto Leonardo, parecem ter sido conflitos com povos que habitavam o norte, particularmente dos Suyá e dos Yudjá. Entre os rituais intergrupais que ocorrem regularmente, pode-se destacar o Kwarup (a festa dos mortos), o Jawari (festa de celebração dos guerreiros) e o Moitará (encontros para trocas formalizadas). Diz uma frase local: "Kamayurá é o povo do Morená, a terra de lenda que, no entanto existe: fica bem ali onde os rios se encontram para formar o Xingu. Texto: Sandra Loss (Turismóloga) |